Fórum Pessoas com Deficiência reuniu 320 participantes

Protagonismo e qualidade na inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho foram os destaques do evento

 

Realizada no último dia 25, a quinta edição do Fórum Pessoas com Deficiência – Além da Lei de Cotas reuniu 320 pessoas no auditório do Sesi, em Campinas (SP). Aberto ao público, o evento, promovido pela Regional Campinas da ABRH-SP, mostrou o que empresas têm feito para a contratação das pessoas com deficiência (PcDs), os resultados de programas que facilitam a concretização desse objetivo, bem como a visão do poder público sobre o tema.

Protagonismo e qualidade na inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho foram contemplados durante todo o evento. “As principais conclusões foram a de que acreditar no potencial humano é a chave do sucesso para qualquer processo de inclusão e de que valorizar a diversidade, além de agregar valor, é a maneira mais digna de respeito e justiça”, avaliou Luiza De Paula, diretora de Sustentabilidade da ABRH-SP Campinas e coordenadora técnica do evento.

Theunis Marinho, presidente da ABRH-SP, e Fabiola Lencastre, diretora geral da Regional Campinas, abriram o evento falando da importância da iniciativa. “Vamos dizer não à segregação e sim à inclusão”, afirmou Marinho, reiterando que a ABRH-SP tem levantado a bandeira da inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Já a execução do Hino Nacional e a atração musical do intervalo ficaram por conta do Grupo Oxil Band, regido pelo instrutor Cristiano Vicente Monteiro e formado por alunos, estagiários e incluídos que participam do Programa Educação Profissional do Trabalho da Apae Campinas.

Iniciativas
O painel sobre as práticas empresariais teve início com o depoimento de Petra Godoy Rocha, gerente de RH da Eaton de Valinhos (SP). Segundo ela, o tema começou a ser discutido na empresa para atender à Lei de Cotas. “Patinamos durante anos até que a Eaton dos Estados Unidos criou a área de inclusão e diversidade com base em estudos que comprovavam que a companhia seria mais competitiva se trabalhasse com esses temas. Desde esse período, temos atuado mais fortemente. Não foram todos que abraçaram a causa de primeira, mas fomos conquistando um a um. Hoje temos 58 pessoas com deficiência na Eaton”, disse Petra.

Flavia Viana, coordenadora de RH da Rhodia, explicou que a inclusão de pessoas com deficiência  começou há dez anos na empresa. “Montamos uma estratégia de Recrutamento & Seleção com o apoio do departamento médico e abrimos 30 posições para pessoas com deficiência auditiva, visual, mental e motora, sem perfil técnico definido. Tivemos muitos desafios naquela época, como formação acadêmica precária dos candidatos, adaptação ao ambiente empresarial e aceitação das lideranças. Hoje já tivemos uma evolução na formação acadêmica, ainda temos de fazer algumas adaptações nas instalações físicas e o RH dá um suporte contínuo às lideranças, que, apesar de aceitarem mais os PcDs, ainda têm medos.”

Fernando Heiderich, vice-presidente do Instituto Metasocial, e Flávia Cortinovis, consultora e educadora corporativa, falaram da Metodologia mDiva de diversidade e inclusão com valor agregado aplicada na Cummins Brasil e Camim do RJ. Já Cacilda Aparecida Valério Mazara, membro do corpo técnico do Sesi, detalhou o Programa de Inclusão de Pessoas com Deficiência na Indústria. Ao refletir sobre os desafios da inclusão, ela reiterou que a primeira barreira a ser vencida é a atitudinal.

Na sequência, a CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade foi tema do professor doutor Eduardo Santana Cordeiro, diretor do Grupo CIF Brasil, especialista em diagnósticos e consultoria em saúde funcional. Já Luciene Redondo, coordenadora do Programa Inserir, de Empregabilidade da Pessoa com Deficiência Psicossocial (Transtorno Mental), abordou o grande estigma da saúde mental e das dificuldades de inserção no mercado de trabalho quando a pessoa tem um diagnóstico de esquizofrenia. “Entre 2016 e 2017, tivemos 21 contratações, mas o número de contratações é um, o de rotatividade é outro. Essas pessoas precisam de acolhimento, avaliações, grupos terapêuticos e apoio assistivo.”

A médica do trabalho Daniela Bortman, gerente de Saúde Ocupacional na Monsanto, compartilhou com a plateia sua história de vida. Tetraplégica aos 23 anos em um acidente de automóvel, retomou a faculdade de Medicina, se formou e se capacitou para atuar como médica do trabalho, contrariando a maioria das pessoas que diziam que ela não poderia fazer nada disso. Emocionada, ela pediu para o público: “Escolham fazer a diferença na vida das pessoas. Escolham se importar”.

Diretora de Diversidade da ABRH-Brasil, Jorgete Leite Lemos moderou a roda de conversa, que contou com a participação de quase todos os palestrantes, além de dois representantes do poder público: José Carlos do Carmo (Dr. Kal), auditor fiscal do Trabalho no Ministério do Trabalho e Emprego – SRTE/SP, e Guirlanda Benevides, do Ministério do Trabalho e Emprego em Campinas.

Na parte final do evento – O que levamos para casa? –, Marinalva Cruz (Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência de São Paulo) e Eliane Jocelaine Pereira (Secretaria Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Cidadania) resumiram as principais conclusões do fórum, reforçando a importância do foco no potencial e na valorização da diversidade.

 

Foto de abertura: João Carlos Nascimento