Painelistas do CONALIFE 2018 elevaram o debate sobre a igualdade de gênero no Brasil

Promovido pela ABRH-SP em parceria com a ONU Mulheres, e foi realizado no dia 24 de maio, na capital paulista

“Séculos de opressão, segregação e desigualdade não deram certo e estão com os dias contados”, disse Theunis Marinho, presidente da ABRH-SP, na abertura do CONALIFE 2018, o Congresso Nacional de Liderança Feminina promovido pela Associação em parceria com a ONU Mulheres, cuja terceira edição foi realizada no dia 24 de maio, no Hotel Unique, na capital paulista.

Com um chamamento à ação e à construção do futuro, Theunis abriu o evento, que reuniu mais de 600 pessoas e apresentou um conteúdo relevante e inspirador, que elevou o debate sobre a igualdade de gênero no Brasil.

Confira momentos do evento:

 

“É com muita alegria que a ONU Mulheres e o movimento HeForShe apoiam o CONALIFE. O congresso tem nos proporcionado momentos decisivos para conhecermos experiências lideradas por mulheres e homens que se dedicam para fazer as transformações necessárias dentro das empresas”, assinalou Nadine Gasman, representante do Escritório da ONU Mulheres no Brasil, ainda na abertura do evento.

Artur Grynbaum, presidente do Grupo Boticário, que é o Patrocinador Premium do CONALIFE desde a primeira edição do evento, disse que homens e mulheres são igualmente responsáveis por promover a igualdade. Ele alertou para a projeção de que, no ritmo atual, a diferença salarial entre homens e mulheres só será eliminada em 100 anos. “Não temos o direito de esperar tanto para alcançar um patamar tão mínimo quanto esse.”

 

Painéis

O primeiro painel do dia – O Futuro É Agora. Estamos Prontos? – reuniu o consultor Rodrigo Forte como moderador; Cristina Palmaka, presidente da SAP Brasil; o economista e comentarista da TV Globo Samy Dana; e Sandra Boccia, diretora das marcas Época Negócios e Pequenas Empresas & Grandes Negócios.

“Estamos chegando a um momento em que as competências mais femininas começam a ter um papel fundamental”, destacou Cristina. “As mulheres têm muito mais facilidade na gestão de equipes, em criar empatia, em conseguir uma negociação melhor. Essas competências são muito mais importantes no momento atual. São coisas que a máquina, pelo menos em um curto espaço de tempo, não vai conseguir mudar.”

Sobre a igualdade de gênero, Sandra lembrou que é preciso muito cuidado com as histórias que nos contam e com as histórias que nós contamos para nós mesmos a respeito de quem nós somos, sobretudo as mulheres. Já Samy fez um alerta para os RHs, que, segundo ele, podem mudar muito mais na causa que na consequência. “É claro que é necessário adotar uma política de equidade salarial, mas é menos eficiente que entender a causa: se é preconceito, como a gente combate, ou se a mulher não teve acesso ao mesmo desenvolvimento que o homem.”

No segundo painel, os obstáculos e conquistas na carreira na área de Ciências foram tema dos depoimentos das painelistas: Miriam Harumi Koga, medalha de ouro na IX Olimpíada Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica (OLLA), realizada no ano passado, no Chile; Sonia Guimarães, professora adjunta de Física do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA); Thaisa Storchi Bergmann, astrofísica e professora no Departamento de Astronomia do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); e Adriana Maria Tonini, diretora de Engenharias, Ciências Exatas, Humanas e Sociais do CNPq.

No painel Empreendedorismo e Colaboração, Hamilton Henrique da Silva, fundador do Saladorama, moderou um debate inspirador com as jornalistas e empreendedoras que têm encontrado soluções para os problemas da contemporaneidade: Bárbara Soalheiro, fundadora da Mesa&Cadeira, iniciativa que reúne profissionais brilhantes com habilidades e experiências diferentes ao redor da mesma Mesa para criar, desenvolver e prototipar soluções em um curto período de tempo; e Iana Chan, fundadora da PrograMaria, um meta-site sobre mulheres e tecnologia.

 

Homenagem

Professora titular na FGV-EAESP e integrante do Comitê de Conteúdo do evento, Maria José Tonelli falou sobre a homenageada do ano: a socióloga Eva Blay, uma das pioneiras no estudo dos direitos das mulheres no Brasil.

Depois de receber o troféu Personalidade CONALIFE 2018 das mãos de Maria Susana de Souza, coordenadora do Comitê de Conteúdo do evento, e Theunis Marinho, Eva Blay falou: “Estou muito feliz de receber essa homenagem que eu divido com vocês, todas e todos. Agradeço às mulheres que em suas vidas se dedicaram a criar espaços verdadeiros e igualitários para as mulheres brasileiras. Fiz parte sempre de movimentos feministas e sociais em uma época em que falar em feminismo era nome feio. Aliás, ainda tem um resquício até hoje e nós temos de combater, porque ser feminista é lutar pelos direitos humanos das mulheres e dos homens”.

 

Momentos especiais

Ao longo do dia foram apresentados quatro momentos especiais. No primeiro deles, a gerente de Projetos dos Princípios de Empoderamento das Mulheres da ONU Mulheres, Adriana Carvalho, falou da iniciativa Empresas para a Igualdade de Gênero.

Já a jornalista, empresária e apresentadora Ana Paula Padrão falou sobre a sua mais recente startup: a Escola de Você, plataforma on-line de autoconhecimento, empreendedorismo e empoderamento para mulheres, que deu origem ao programa Superpoderosas, exibido nas manhãs da Band.

A sub-representação das mulheres nos grandes museus e galerias de arte do mundo foi o tema da professora de história da arte e Relações Institucionais do MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo) Magnólia Costa.

Beatriz Azeredo, diretora de Responsabilidade Social da TV Globo, compartilhou as informações sobre o trabalho mais recente, de cinco anos para cá, da criação da diretoria de responsabilidade social. “Um trabalho em construção que tem esse conceito: o que só a Globo poderia fazer sobre esses temas por causa da sua capacidade de mobilização.”

A última palestra ficou por conta da atriz Camila Pitanga, embaixadora da ONU Mulheres Brasil. “Escolher ser feminista me permitiu entender que posso esculpir a mulher que eu quero ser”, disse, questionando no final do discurso: “O que nos impede de construir uma nova relação entre homens e mulheres? O que nos impede de construir um novo agora?”

No final do evento, Theunis Marinho prestou uma homenagem à Leyla Nascimento, ex-presidente da ABRH-RJ, da ABRH-Brasil e da FIDAGH – Federación Interamericana de Asociaciones de Gestión Humana e que, agora, foi eleita para a presidência da WFPMA – World Federation of People Management Associations, a primeira brasileira e mulher a assumir esta função. Theunis encerrou o CONALIFE dizendo: Quando sabemos aonde queremos chegar, a nossa alma nos fortalece e sempre encontraremos o caminho, com sol ou com chuva, na luz ou na escuridão”.

 

Crédito da foto: Gustavo Morita