O trabalho e o idoso

A população mundial está envelhecendo. Este é um fato relevante tanto para o direito do trabalho, quanto para as questões previdenciárias. Com o envelhecimento da população os sistemas previdenciários de todas as nações estão sendo fortemente pressionados, afinal, são milhões de idosos que não contribuem para o sistema, visto que não mais trabalham, mas usufruem deste sistema, através das suas pensões/aposentadorias. Este é um dos muitos desafios a serem enfrentados no campo do trabalho/previdenciário para o idoso. Além destes, há um outro, não menos complexo, para o RH.

Como o RH deve se comportar diante desta nova realidade? Qual será a política de contratação de idosos pelas empresas, se é que há? Mas como irá se qualificar para esta atividade? O que o RH requer do idoso para trabalhar, além da experiência?
Hoje muito se fala sobre diversidade e tendências, sexuais, afetivas, de raça, de religião e até política, mas a valorização na troca de experiências e convivência com as pessoas 50+, ainda é tímida! Os desafios para o trabalho do idoso são colossais.

Temos acompanhado casos em que as empresas procuram contratar pessoas acima dos 50 anos. As políticas de contratação da pessoa idosa estão avançando, inclusive turbinadas, mais recentemente, pela preocupação social com o tema, contida no acrônimo inglês ESG (boas práticas ambientais, sociais e de governança), mas ainda são muito tímidas.

Outra questão a se pensar também é sobre o tipo de trabalho para o idoso. O idoso está preparado para voltar para o trabalho com vínculo de emprego?
O Brasil está bem sérvio de leis que podem estimular o trabalho para o idoso, modelos com e sem vínculo de emprego, tais como o trabalho, intermitente, o autônomo, o terceirizado, e mais recentemente, por conta da pandemia, o teletrabalho. Além das leis, há um outro fator a ser considerado: as tecnologias, como instrumentos de inclusão no mercado de trabalho para o idoso.
Há plataformas especializadas para a inserção no mercado de trabalho daqueles com 50 anos ou mais.

Outros instrumentos tecnológicos, que permitem o trabalho a distância, podem ser poderosos caminhos para o idoso. Mas aqui há um outro obstáculo: a qualificação do idoso no uso das novas tecnologias.

A saída para o trabalho para o idoso passa por leis que estimulem sua contratação, sistemas previdenciários que contemplem a migração da aposentadoria para a volta do trabalho e consistente política de RH (trabalho com vínculo de emprego) voltada para o idoso, bem como a utilização das tecnologias, que podem servir de poderoso instrumento de fomento do trabalho para quem tem 50 anos ou mais. Os desafios são enormes.

Eduardo Pastore e Inês Restier

Eduardo Pastore e Inês Restier

Eduardo Pastore – advogado trabalhista, consultor. Inês Restier – Consultora em Treinamento Empresarial